O
General de Brigada João da Fonseca Varela, nasceu em Ceará-Mirim, em 2 de
dezembro de 1850 e morreu em Natal, aos 81 anos completos, no mesmo mês do
nascimento, dia 12, em 1931.
Herói da Guerra do Paraguai, último comandante da Fortaleza dos Reis Magos, Chefe
de Polícia (equivalente a Secretário de Segurança) e abolicionista, foi
promovido a general por ato do Presidente Epitácio Pessoa. Recebeu inúmeras
distinções, entre elas a Medalha de Bravura Militar, as Medalhas das Imperiais
Ordens de Cristo e da Rosa e a da Campanha do Paraguai.
Homem de muita bravura, civismo (alistou-se para a campanha do Paraguai quando
tinha apenas 16 anos) e integridade moral, é motivo de orgulho para a sua
cidade de nascimento e para o próprio Rio Grande do Norte e um estímulo para os
seus descendentes e conterrâneos.
Nenhuma voz é mais credenciada do que a de Câmara Cascudo que a ele dedicou uma
de suas Acta Diurna, publicada em 2 de julho de 1943(*):
“O Presidente Epitácio Pessoa pelo Decreto 3.958, de 24 de dezembro de 1919, conferiu
aos oficiais veteranos da Campanha do Paraguai as honras de General de Brigada.
Por isso João da Fonseca Varela era o General Varela.
Recordo-o com saudade. Ato, forte, claro, a longa barba branca descendo para um
busto de atleta, parecia um daqueles boers do Transval, soldados natos e
comandantes desde o batizado.
Cercava-o um halo de veneração irresistível. A onda nacionalista, deflagrada
por Olavo Bilac, encontrava no velho Varela um centro de atração para o nosso
entusiasmo.
Em todas as festas militares ou civis onde houvesse multidão, estava presente o
veterano do Paraguai, possante, sereno, fardado, o peito coberto de
condecorações.
Quando as bandas executavam o hino nacional em continência à bandeira ele
tirava o boné da cabeça e ficava hirto. Não fazia continência à bandeira da
República porque não era a sua, a de Caxias, Osório, Porto Alegre e Pelotas,
seus ídolos.
Disciplinado, saudava apenas a bandeira de sua Pátria.
Republicano na Monarquia, era monarquista na república. Monarquista platônico,
respeitador das leis, lembrando sempre o imperador.
Nascera num aniversário de D. Pedro II, 2 de dezembro de 1850. Com dezesseis
anos, fugindo de casa, alistou-se voluntário para a guerra contra o ditador
Francisco Solano Lopez, o tiranillo do Paraguai, a 9 de março de 1865.
Seguiu no 28º Batalhão até S. Borja, onde este se dissolveu, comandado pelo
norte-rio-grandense José da Costa Vilar. Incorporou-se ao 36º de Voluntários da
Pátria. Alferes, passou para o 36º e depois para o 48º Batalhão e foi extinto
depois de Avaí.
Varela ficou adido ao 2º batalhão de Infantaria e posteriormente ao 18º.
Bateu-se em Avaí, em Curuzu, em Curupaiti, na ponte de Itororó, em Humaitá, na
batalha-modelo de Lomas Valentinas.
(...)
Feita a paz voltou a Natal e regressou ao Exército, sendo alferes efetivo.
(...)
No Rio Grande do Norte teve várias comissões, todas militares. Comandou a
Fortaleza dos Reis Magos, em 1888. Ingressou no Corpo Policial da Província,
sendo capitão e o seu comandante. Enfrentou, em diligências ásperas, os
cangaceiros no interior norte-rio-grandense e paraibano.”
O notável Mestre de todos os norte-rio-grandenses ainda relata que o general
vira Caxias, Osório, Porto Alegre, Pelotas e Fernando Machado, seus heróis, nos
acampamentos e nos campos de batalha, cada qual com a sua característica,
todos, entretanto, bravos guerreiros.
DIZ AINDA O GRANDE HISTORIADOR POTIGUAR QUE DIAS ANTES DE MORRER, ERGUENDO-SE
COM MUITA DIFICULDADE, O VELHO GENERAL FARDOU-SE E FOI À PRAÇA PEDRO II (HOJE
JOÃO TIBÚRCIO), ONDE SE ERGUIA O BUSTO DO IMPERADOR. DIANTE DO BUSTO,
PERFILOU-SE, BATEU UMA CONTINÊNCIA E VOLTOU PARA CASA. PARA MORRER.
(*) – Cascudo, Luis da Câmara – “O livro das velhas figuras” – IHGRGN. 1976
(pgs. 84/86)
Fonte: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=1391412562442&set=a.1298548760905.32674.1745986839&type=1&ref=notif¬if_t=photo_comment#!/photo.php?fbid=219759128042982&set=a.192837620735133.47892.100000266882272&type=1&theater
FONTE – CEARÁ MIRIM
– CULTURA E ARTE